Em defesa de um evangelho público

Mackenzie sedia evento que debate movimentos evangélicos, neocalvinistas e atuação na vida pública 

22.05.202516h22 Comunicação - Marketing Mackenzie

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Em defesa de um evangelho público

O auditório Ruy Barbosa, no campus Higienópolis da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), foi palco nesta quarta-feira, 21 de maio, da abertura da Conferência Acadêmica Internacional Um Evangelho Público: Evangélicos, Neocalvinistas e a Sociedade, organizado pelo Fuller Theological Seminary, dos Estados Unidos, em parceria com a Universidade de Edimburgo, a Universidade Teológica de Utrecht e a Chancelaria do Mackenzie.  
  
A palestra de abertura foi ministrada pelo chanceler do Mackenzie, Robinson Grangeiro, que discutiu a relevância dos ensinamentos de Abraham Kuyper na atualidade. O tema da palestra foi Abraham Kuyper, Evangélicos e a Sociedade Brasileira
  
“O calvinismo é mais do que uma coleção de dogmas teológicos, e sim, um sistema abrangente de vida, em oposição a outras cosmovisões, tais como o romanismo e ao modernismo – e talvez acrescentaríamos, também do pós-modernismo secularizado”, disse o chanceler ao ressaltar a relevância da vertente teológica para a sociedade.  
  
Para o chanceler, o chamado calvinista a uma atuação na esfera pública da sociedade é marcado justamente por uma postura diferenciada do cristão. “O cristão reformado na medida em que este revela um caráter específico e uma fisionomia distinta, não apenas em sua igreja e teologia, mas também na vida social e política, na ciência e na arte”, apontou. 
  
Ele também destacou que essa atuação tem um impacto em toda a sociedade e um papel relevante no atual momento vivido no Brasil. “Estar aqui galvaniza a minha expectativa, e a de muitos, que batalham em diferentes instâncias e instituições, por alguns anos, de que o calvinismo ofereça ao país, uma visão cristã do mundo que seja mais consistente teologicamente e mais relevante para a sociedade brasileira”, disse.  
  
A grande âncora, o ponto central da verdade que marca essa diferença, está na firme convicção de que “Cristo, o Senhor e o centro da sua Igreja, em suas diversas instituições, denominações e tradições, também é o Senhor do mundo da sociedade, em suas diversas instituições sociais”.  
  
O chanceler concluiu relembrando a frase mais conhecida de Kuyper. “‘Não há nenhum centímetro quadrado no universo que Jesus não afirme a sua soberania’, então o evangelho precisa ser público e não uma subcultura que se deseja tornar totalizante, como os impérios colonialistas do passado”, finalizou, desejando que os debates da conferência permitissem uma profunda reflexão sobre o caráter público do evangelho.  
  
Conferência 
  
O evento internacional será realizado até sexta-feira, 23 de maio e conta com uma extensa lista de palestrantes, brasileiros e estrangeiros. Trata-se da primeira de uma série de conferências que discutirá o neocalvinismo a nível global. As próximas edições serão realizadas na África e na Ásia.   
  
De acordo com Ednardo Duarte, aluno do doutorado na Fuller Theological Seminary e coordenador da conferência, o evento tem como objetivo aproximar o pensamento neocalvinista em todo o mundo. “A ideia é fomentar, especialmente no meio acadêmico, e entre líderes cristãos, o diálogo da vida pública, a fé cristã e inúmeras disciplinas do saber, diversas áreas da sociedade. Nós precisamos, como igreja, compreender melhor a nossa vocação pública, compreender quais são os instrumentos teológicos que a gente tem para poder habitar na esfera pública e não apenas na privada”.  
  
O chanceler do Mackenzie explicou o que seria o evangelho público: “A Teologia pública pensa numa reflexão teológica a partir do evangelho, da mensagem de Deus para a sociedade. Não para quem é crente e que está na igreja, mas como se aplica o evangelho para quem está fora da igreja e particularmente com o desejo de produzir um bem comum e não apenas conversões para a igreja”.  
  
De acordo com Robinson Grangeiro o debate da conferência torna-se relevante na atual sociedade brasileira. “Estamos vendo, que o evangelho tem sido trocado por uma cultura gospel que tem deixado para a sociedade brasileira uma caricatura do que é o evangelho”, por isso, as discussões da conferência resgatariam uma essência da verdadeira atuação pública cristã reformada.